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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Comodismo não é amor

Me interessa o comodismo humano em relacionamentos amorosos. Me instiga como pessoas podem estar claramente infelizes em um relacionamento, e ainda assim insistir que precisam daquela pessoa.

Não que devemos desistir de relacionamentos em situações de crises. Falo mesmo daqueles relacionamentos que se arrastam por anos. Isso mesmo, se arrastam. Literalmente funcionam baseados em reforço intermitente. Passam-se meses de pouca tolerância e um dividir de camas obrigado, e um dia de risos faz parecer que ainda existe felicidade suficiente para manter um romance.

Reforços espaçados, como bem sabe a Análise do Comportamento, são vilões em manter comportamentos sem um esforço diário. Minhas amigas riem, mas eu uso sempre o termo “mijar no poste”. Cachorros sabem bem, e nós também. Não é preciso fidelizar com um ponto, se dedicar a ele, se envolver. Basta ir de tempos em tempos, quando se quer ou quando sente o território ameaçado, soltar umas gotinhas de esperança e deixar tudo como está. Em pleno banho-maria de desespero velado.

As pessoas precisam saber levantar a bandeira branca. Realizar que pouco não é suficiente, que gotas fracas e espaçadas não saciam a sede de um relacionamento. Eu já vivi situações em que realizar esse momento é ruim. Muito ruim. Sufoca por dentro. Mas em seguida, um grande suspiro. O pulmão se enche de possibilidade da liberdade de um condicionamento que já perdeu seu propósito.


Mas só chegamos ai, nesse sufoco-suspiro quando nos damos conta de que esse sofrimento momentâneo vale mais, muito mais, que uma tristeza ou falta de felicidade arrastada. É preciso quer mais por nós mesmos. Realizar que precisamos mesmo é de nós, e que só com nós mesmos, íntegros e felizes é que podemos optar pelo convívio com um par que também esteja íntegro com si mesmo.

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