Acabo
de ler uma crônica de Rubem Alves sobre a aposentadoria, que entre tantas do
livro, me despertou para um aspecto importante da vida. Começamos a trabalhar
muitas vezes já imaginando o dia em que ganharemos nossa carta de alforria.
Alforria sim, pois muitos mesmo amando o que fazem, anseiam pelo momento em que
poderão ter a opção de se dedicar a outros afazeres, sem obrigações e prazos e
compromissos e estresse.
Mas
só almejamos tanto essa liberdade porque nos esquecemos de que temos direito a
viver além do trabalho durante esses 35 anos, ao invés de esperar que eles
cheguem para começar a viver o que se gostaria.
Ninguém
nega que o trabalho traz benefícios e responsabilidades, limita as nossas
vontades criativas de viver outras situações e emoções a hora que desejar, mas
não impede que cada dia seja vivido por inteiro.
Rubem
Alves, sabiamente toca na ferida ao dizer que muitos aposentam, já sem saber
voar, como um passarinho engaiolado a muitos anos. Pra evitar, deixe as portas
da gaiola sempre aberta!
Saia
para dar voos com frequência. Sejam rasantes, sejam tranquilos. Não espere ter
anos de asas cortadas e sem passar pela portinhola, vivendo de promessas.
Promessas de deixar tudo sempre pra depois, sempre para daqui a pouco.
Todos
merecemos os momentos de trabalho para a alma. Não estamos perdendo tempo de
trabalho diário ao nos divertimos, dedicarmos a um hobby, a uma paixão, estamos
tranquilizando a mente. E claro, mente tranquila, sente mais prazer em
trabalhar. E lembre-se é preciso trabalhar por pelo menos 35 anos para que o
momento esperado aconteça.
Mas ele só será proveitoso se sempre tivermos
deixado a gaiola para ousar voos, a mente tranquila com prazeres pessoais e
disponibilidade de almejar e cumprir sempre algo a curto prazo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário