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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sobre ser metamorfose...

Estranho como ser metamorfose ambulante é engraçado e assustador.

A inquietude gera movimento, que gera necessidade de querer tudo e mais tudo. O desejo pelo novo, pelo que refresca a mente ao mesmo tempo que assume que ela não consegue repousar no nada.

A inquietude da mente se reflete em constantes novas atividades e diversões, distrações e estilos, em uma sede por simplesmente mudar. Nem que seja os móveis de lugar. Aliás, móveis sempre no mesmo lugar nunca foi comigo.

Me inquieta dar a mesma aula com os mesmos slides, ler o mesmo trabalho várias vezes, ver o mesmo filme várias vezes (só com raras exceções!) e muito menos ler o mesmo livro várias vezes (também apenas com raras exceções!). Porquê? Porque a inquietude grita para não ocupar tempo com o mesmo, pra buscar o novo, que seja capaz de saciar o interesse ao mesmo tempo que reforça o movimento contínuo.

Demorei pra perceber que a inquietude é algo que algumas pessoas têm mesmo. Faz parte do que elas são. Estranho mesmo é para os outros que não capturam que mesmo que seja calor de momento ou a nova onda e ideia que não vai durar, ela faz parte do que constrói as metamorfoses que circulam por aí!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Cicatrizes

Se Neil Gaiman deseja que nós cometamos mais erros, pois eles significam que estamos sempre tentando novas coisas, eu, humildemente, desejo que tenhamos mais cicatrizes.

Se os erros te mostram que você anda tentando, experimentando e ousando, as cicatrizes te lembram o que você em algum momento tentou, experimentou e ousou, e quais ensinamentos tirou de cada vivência.

Não falo apenas de cicatrizes físicas, visíveis na pele, mas sim de todas as cicatrizes que cada um carrega consigo.

Quem tem cicatrizes, em algum momento, arriscou mais do que podia naquele momento, mais do que seu corpo, coração ou mente eram capazes de ousar. A coragem de arriscar e se expor é o que move a vida, junto com os erros.

Quem tem cicatrizes tem histórias para contar e conselhos para dar. Não conselhos de “faça de tal modo”, mas conselhos de “abra seus olhos para esse caminho, ele te prepara surpresas, tanto boas quanto não tão boas”. Uma vez que quem tem cicatrizes sabe que elas são só suas, porque naquele momento o que tentou não coube como deveria, mas isso não significa que não caberá para mais ninguém, ou até mesmo para você em algum outro momento da vida.

E sabe qual a melhor parte da cicatriz? Ela cicatrizou, fechou, reparou o dano feito. Marcou, mas não dói mais. É apenas um gatilho para as lembranças e para as novas tentativas. 

Felicidade não faz mesmo pérola?


Resolvi, por vários motivos pessoais e inquietações internas, que me daria de presente o livro de Rubem Alves chamado Ostra feliz não faz pérola. Confesso que enquanto comprava o livro pensava que o significado desse título era um exagero. Ostra feliz não faz pérola... será que de fato ninguém feliz produz nada de bom?

Duvidei.

O fato interessante é que o termo felicidade me incomodou. Talvez eu diria que a completude não faz pérola. Quem se sente pleno, calmo, completo, não sente necessidade de produzir. Mas, de novo, será?

Grandes gênios no fundo se mostravam incompletos em algo, talvez fosse felicidade, talvez curiosidade, talvez amor.... e daí produziam lindas pérolas como forma de completar esse algo. Mas e os grandes religiosos, pessoas aparentemente plenas e completas que ainda sim produzem algo. Será que nossa afirmativa da ostra está errada nesses casos, ou eles, acima do que parecem, possuem sim seu, mesmo que leve, grau de incompletude?

Complicado.

Mas o interessante é que experimento isso com frequência. O vazio do conhecimento me corroí. Ter uma pergunta e não ter uma resposta me inquieta. A curiosidade é meu pecado. Talvez por isso tenha ido parar na área de pesquisa e da academia. É um deleite ter um insight, uma ideia, entender a resposta de uma pergunta que formulada no meio do café.

Duvidei, mas até pensar com calma. Acho que agora aposto mais no fato de que a falta de completude, seja aonde for para cada um, nos move a produzir algo que almejamos ser belo, ser uma pérola.


Comodismo não é amor

Me interessa o comodismo humano em relacionamentos amorosos. Me instiga como pessoas podem estar claramente infelizes em um relacionamento, e ainda assim insistir que precisam daquela pessoa.

Não que devemos desistir de relacionamentos em situações de crises. Falo mesmo daqueles relacionamentos que se arrastam por anos. Isso mesmo, se arrastam. Literalmente funcionam baseados em reforço intermitente. Passam-se meses de pouca tolerância e um dividir de camas obrigado, e um dia de risos faz parecer que ainda existe felicidade suficiente para manter um romance.

Reforços espaçados, como bem sabe a Análise do Comportamento, são vilões em manter comportamentos sem um esforço diário. Minhas amigas riem, mas eu uso sempre o termo “mijar no poste”. Cachorros sabem bem, e nós também. Não é preciso fidelizar com um ponto, se dedicar a ele, se envolver. Basta ir de tempos em tempos, quando se quer ou quando sente o território ameaçado, soltar umas gotinhas de esperança e deixar tudo como está. Em pleno banho-maria de desespero velado.

As pessoas precisam saber levantar a bandeira branca. Realizar que pouco não é suficiente, que gotas fracas e espaçadas não saciam a sede de um relacionamento. Eu já vivi situações em que realizar esse momento é ruim. Muito ruim. Sufoca por dentro. Mas em seguida, um grande suspiro. O pulmão se enche de possibilidade da liberdade de um condicionamento que já perdeu seu propósito.


Mas só chegamos ai, nesse sufoco-suspiro quando nos damos conta de que esse sofrimento momentâneo vale mais, muito mais, que uma tristeza ou falta de felicidade arrastada. É preciso quer mais por nós mesmos. Realizar que precisamos mesmo é de nós, e que só com nós mesmos, íntegros e felizes é que podemos optar pelo convívio com um par que também esteja íntegro com si mesmo.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Para aposentar...

Acabo de ler uma crônica de Rubem Alves sobre a aposentadoria, que entre tantas do livro, me despertou para um aspecto importante da vida. Começamos a trabalhar muitas vezes já imaginando o dia em que ganharemos nossa carta de alforria. Alforria sim, pois muitos mesmo amando o que fazem, anseiam pelo momento em que poderão ter a opção de se dedicar a outros afazeres, sem obrigações e prazos e compromissos e estresse.

Mas só almejamos tanto essa liberdade porque nos esquecemos de que temos direito a viver além do trabalho durante esses 35 anos, ao invés de esperar que eles cheguem para começar a viver o que se gostaria.

Ninguém nega que o trabalho traz benefícios e responsabilidades, limita as nossas vontades criativas de viver outras situações e emoções a hora que desejar, mas não impede que cada dia seja vivido por inteiro.

Rubem Alves, sabiamente toca na ferida ao dizer que muitos aposentam, já sem saber voar, como um passarinho engaiolado a muitos anos. Pra evitar, deixe as portas da gaiola sempre aberta!

Saia para dar voos com frequência. Sejam rasantes, sejam tranquilos. Não espere ter anos de asas cortadas e sem passar pela portinhola, vivendo de promessas. Promessas de deixar tudo sempre pra depois, sempre para daqui a pouco.

Todos merecemos os momentos de trabalho para a alma. Não estamos perdendo tempo de trabalho diário ao nos divertimos, dedicarmos a um hobby, a uma paixão, estamos tranquilizando a mente. E claro, mente tranquila, sente mais prazer em trabalhar. E lembre-se é preciso trabalhar por pelo menos 35 anos para que o momento esperado aconteça.

Mas ele só será proveitoso se sempre tivermos deixado a gaiola para ousar voos, a mente tranquila com prazeres pessoais e disponibilidade de almejar e cumprir sempre algo a curto prazo.

sábado, 26 de novembro de 2011

O Arroz de Palma


  Francisco Azevedo escreveu com perfeição esse romance com origens portuguesas, mas com jeitinho brasileiro. A história do arroz de Tia Palma, que permeia os acontecimentos de uma família, me fez ficar simplesmente encantada. Definitivamente devorei esse livro com gosto de arroz!
  Fica a dica!


Onde encontrar:
Livraria Cultura


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As esganadas


  Jô Soares me cativou nas primeiras páginas pela precisão em descrever uma gorda. Me cativou mais por ter feito dessa literatura policial, um suspense, diferente do mistério adotado em O Xangô de Baker Street.
 O assassino é descrito com precisão na terceira página, e nos cabe acompanhar a saga entre as investigações do lendário detetive Tobias Esteves e os próximos assassinatos do psicopata.
  É uma leitura leve e agradável, recheada de cultura para compor o cenário, e com um toque de comédia quando necessário.
  Fica a dica!

Onde encontrar:
Livraria Cultura